segunda-feira, 24 de janeiro de 2011


Não sei quem és.
Já não te vejo bem...
E ouço-me dizer
ai, tanta vez!...
Sonho que um outro sonho
me desfez?
Fantasma de que amor?
Sombra de quem?

És tudo e não és nada...
És a desgraça...
És quem nem sequer vejo;
és um que passa...
És sorriso de Deus
que não mereço...
És aquele que vive
e que morreu...
És aquele que é
quase um outro eu...
És aquele que
nem sequer conheço...

(Florbela Espanca)

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