quinta-feira, 14 de janeiro de 2010



Não há quem não feche os olhos
ao cantar a música favorita
Não há quem não feche os olhos ao beijar,
não há quem não feche os olhos ao abraçar
Fechamos os olhos
para garantir a memória da memória
É ali que a vida entra e perdura,
naquela escuridão mínima,
no avesso das pálpebras
Concentramo-nos para segurar a dispersão,
para segurar a barca ao calor do remo
O rosto é uma estrutura perfeita do silêncio.
Os cílios se mexem como pedais da memória
Experimenta-se uma vez mais
aquilo que não era possível
Viver é boiar, recordar é nadar .

Fabrício Carpinejar

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