segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Podemos falar abobrinhas, 
desde que sejam temperadas com riso,
esse tempero que faz tanto bem.
Não precisa ter pauta, seguir roteiro, 
deixa a conversa acontecer de improviso, 
uma lembrança puxando a outra pela mão, 
mas conta de você e deixa eu lhe contar de mim. 
Dessas coisas. De outras parecidas. 
Ouve também com os olhos. 
Escuta o que eu digo quando nem digo nada: 
a boca é o que menos fala no corpo.
Não antecipe as minhas palavras. 
Não se impaciente com o meu tempo de dizer. 
Não me pergunte coisas que vão fazer a minha razão 
se arrumar toda para responder.
E se não quisermos, não pudermos, não soubermos, 
com palavras, nos dizer um pouco um para o outro, 
senta ao meu lado assim mesmo. 
Deixa os nossos olhos se encontrarem vez ou outra
  até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente 
se sente olhada com amor. Senta apenas ao meu lado 
e deixa o meu silêncio conversar com o seu. 
Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras.
(Ana Jacomo)

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