terça-feira, 30 de novembro de 2010

"Sendo a vida essencialmente
um estado mental,
e tudo, quanto fazemos
ou pensamos,  válido para nós
na proporção em que o pensamos válido,
depende de nós a valorização.
O sonhador é um emissor de notas,
e as notas que emite
correm na cidade do seu espírito
do mesmo modo que as da realidade.
Que me importa que
o papel-moeda da minha alma
nunca seja convertível em ouro,
se não há ouro nunca
na alquimia fatícia da vida?
Depois de todos nós vem o dilúvio,
mas é só depois de todos nós.
Melhores, e mais felizes,
os que, reconhecendo a ficção de tudo,
fazem o romance antes que ele lhes seja feito,
e, como Maquiavel,
vestem os trajes da corte
 para escrever bem
em segredo."
(Fernando Pessoa)

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